Andarilho
Nas trilhas da vida andarilho me fiz
Atravessei fronteiras sem respeitar limites
Cruzei oceanos serenos e revoltosos
Como se flutuasse sobre estes
Em montanhas e desertos escrevi páginas
Do livro de minha historia cujas linhas
Registram minhas perdas e conquistas
Que me trouxeram até aqui
Com o vento como impulso me movi
Nas águas das emoções afoguei minhas dores
No fogo do sol aqueci meu coração
Na rigidez dos terrenos edifiquei minha tenacidade
Reconheci cada alma humana em sua verdade
Experimentei a solidão como companhia
Tive o céu como teto
E a relva como abrigo
Invejei ao condor em seu vôo livre
Temi aos raios como expressão da morte
Pacifiquei meu espírito nas primaveras
Deslumbrei-me com a aurora boreal
Ao norte vivenciei minhas maiores batalhas
Onde a vida é tão efêmera quanto a felicidade
Aprendi a valorizar cada dia em seu amanhecer
E cada noite de lua cheia
Reconheci a sabedoria da natureza
Em seus ciclos de vida e morte
Na exuberância e na escassez de seus recursos
Sem culpa ou julgamentos ela se impõe às existências
Reconheci a criança que habita meu âmago
Que se permitia dançar a chuva
E chorar nas noites insones
Quando até da presença de Deus duvidava
Tomei ciência das carências que me dominam
Ao ver as andorinhas em revoada aos pares
Cantei canções que brotavam de minh’alma
Como lamentos de um solitário
As pedras em meu caminho foram
Minhas ouvintes atentas e silenciosas
Sem jamais expressarem censura
Apenas mudavam sua forma e tamanho
Surpreso com o que deixei para trás
Ansioso com o que o destino possa me reservar
Persisto nesta busca indefinida de meu eu
Tendo apenas a mim mesmo como personagem
De uma epopéia cuja trilha sonora
Ora seja a desesperança gélida de meus dias
Ora a euforia audível de minh’alma
Em teimar em acreditar que vale a pena viver.
Autoria: Roberto Velasco
Andarilho – 12/08/11
Esta poesia esta protegida pela lei dos direitos autorais.
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