sexta-feira, 8 de julho de 2011

CAMINHO






Caminho

Não sei, mas meu peito arde nu, diante do vazio do qual é tomado, me abandono tentando resgatar algo que perdi em algum tempo, mas apenas me debruço sobre o nada, o esquecimento das sensações, das circunstâncias. Sei apenas o agora, mas o que é o meu agora? Senão dúvidas e vazio, sim um imenso vazio. Volto ao ponto de partida sem saber nem mesmo de onde parti, amarga sensação de deslocamento.

Meu eu, aflito, angustiado e solitário não percebe o quão desorientado está, pois o que eram certezas deixou de ser, o que era amor transformou-se em vazio, mas então, seria esse vazio a ausência deste amor ou ainda, a carência de amor a razão deste vazio? Incertezas, apenas incertezas.

Caminho por uma longa estrada, sinuosa e deserta, apenas acompanho-me de meu próprio corpo que avança mecanicamente, parece-me que o caminhar é a minha única certeza. Tantas paisagens, relevos, sem encontrar elos que me liguem novamente a sensação de amar preenchendo este vazio que me assola e consome, ou ainda, encontrar a mim mesmo para poder voltar a amar deixando de ser apenas este corpo mecanizado.

Ah...
Olho para o céu e vejo apenas nuvens, tão espessas, escuras, sem o sol ou as estrelas para me guiar, dessa forma, contínuo nesta estrada sem saber onde me leva.

Volto ao pouco de lembranças que me sobram, vejo vidas áridas, cansadas, esgotadas, onde por um instante, um dia, o amor se fez presente em mim. Aonde o brilho do sol e das estrelas sempre me conduziram ao amor que pulsava em mim em ressonância aquele que de tão serena e sensível alma encarnada emanava, calor, paixão e amor, sim amor, o amor que perdi e que a vida em minha construção se encarregou de afastar e que agora me faz viver apenas de lembranças. Vivo por estas tênues lembranças, tão pálidas, descoloridas, mas que me movem, mas para onde? Indago-me, mais uma vez sem encontrar resposta.

Se, um veleiro eu fosse, me entregaria às ondas do mar, a mercê das correntes marítimas, ora me levando para cá, ora para lá, até o momento em que as ondas se impusessem ao pequeno veleiro e o reclamassem em seus mais profundos domínios.

Mas, aqui nesta estrada por onde caminho e só me resta caminhar, forço-me a viver na aflição de meus pensamentos, do vazio, Oh Deus! Por que permites que minha respiração se mantenha? Por que não me tomas em teus braços e me retira deste flagelo?

Não ouço respostas, apenas o uivo do vento e o frio da estação que mais ainda congelam meu ser.

Caminho, caminho e caminho, o meu hoje, onde parecia existir amor, mostrou-se ausente desta vivência. A paz que um dia vivenciei, hoje mostra conflitos e confrontos comigo mesmo, os ideais dos quais me envolvi, hoje são apenas desilusões. Movido por este vazio, resta-me apenas o caminho caminhar...

Caminho só...

Só Caminho.

Autoria: Roberto Velasco..

Um comentário:

  1. O teu corpo é um
    convite a uma aventura
    à qual me lanço
    em busca de um caminho.
    E ao procurá-lo,
    eu uso da ternura
    que me trará,
    em troca,
    o teu carinho...

    Alma Perfumada®

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