És Homem
Quem sois vós?
Por quais caminhos perfaz o teu viver?
Onde se esconde a bravura em teu eu?
O que o amedronta?
És frieza e racionalismo premeditado
Assenta-se em oratórias protecionistas
Impõe-se ao outro para afirmar-se
Consagra um deus em cada novo projeto
Torna órfã a criança em teu interno
Desconhece o poder do amor
Rejeita em seu entendimento este sentimento
Abstrai-se de toda a emoção que não possa controlar
Este homem vive em constante insegurança
Resguarda-se comedidamente das alegrias
Valoriza todo o tipo de concorrência
Agarra-se a existência prática e controladora
Quem sois vós?
Que desconhece o poder do amor
Que reluta em sentir ternura e carinho
Que não compreende o afago de um abraço
Medo de amar e ser amado?
Medo de fragilizar-se?
Medo de abandonar-se?
Medos, inseguranças e exagerada cautela
Homem...
Se entregue, a um beijo ardente e molhado
Ao calor do corpo de tua amada
Ao perfume envolvente de sua pele
As trocas de carícias
As promessas incertas
A ansiedade na saudade
O desespero na partida
A plenitude no reencontro
A alegria incontida no olhar
A sedução com toque de malícia no olhar furtivo
O constante procurar aos olhos do outro
A aceitação em um simples piscar dos olhos
Se entregue ao seu amor
Se renda a sua fragilidade
Se entenda detentor de extrema doçura
Se permita ser pleno
Ser homem é ser o amor
Em sua forma tão delicada como o cristal
Em todas as suas expressões
Em todo o seu corpo
Ah!
Se soubesses que anseia amar
Se permitisse viver tua forma mais afável
Se amasse a si sem construir fronteiras
Se fosses espontâneo
Encontraria a paz que tanto almeja
Regozijar-se-ia no colo que o acolhe
Seria imensurável em seus limites
Reconheceria a flor que habita em teu íntimo
Como as folhas que caem no outono
Como as primeiras nevascas do inverno
Como as primeiras flores da primavera
Como os dias mais longos do verão
Seja o primeiro homem, aquele que reconhece
A sensibilidade da sutileza do amor
Que vive o amor porque o reconhece em si
És homem, és amor, vives amando
Amando amar sensivelmente como o botão de uma flor que se abre aos raios do sol
Autoria: Roberto Velasco
És Homem – 02/05/11
Esta poesia é protegida pela lei dos direitos autorais.
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