sábado, 16 de julho de 2011

MISTÉRIOS





Mistérios


És insondável figura
De traços definidos
Mas de fisionomia indecifrável
Manténs a sobriedade ao expressar teus sentimentos
Não te colocas a exposição


Verbaliza tuas intenções
Sem permitirdes construir conclusões
Discursas em tom enigmático
Abusando de graves e agudos
Conforme tuas prioridades


Aponta para uma linha de pensamento
Mas imediatamente a seguir altera seu foco
Como que a descortinar tênues argumentos
Que a fragilizariam diante de personas
A olvidarem de seus encantos


Desta forma, move-se
Com passos calculados e minúcias
A tornarem-na inacessível e indescritível
Mantendo mistérios secretamente ocultos
Aos olhos do mais perspicaz explorador


Não contente com tamanha perplexidade
Alterna seu humor
De um harmonioso estado de confraternização
Para uma indiferença gélida
Inexplicavelmente ainda mantendo seu carisma


Tens a capacidade de
Observar, sem olhar
Conceder atenção, sem ouvir
Pronunciar-se, sem falar
Movimentar-se, sem andar


A que humanidade pertences?
Em que momento criou este personagem?
Onde este enredo a levá-la?
O que a mantém fiel a esta conduta?
Que argumentos a sustentam?


Indagações vãs, sem alcançar respostas
Resta-me apenas conjecturar
Traçar ilações inseguras
Sem gerar consequências concretas
Que expressem a realidade de tua natureza




Mas a idolatro e reconheço-me teu seguidor
Exaustivamente haverei de tecer
Hipóteses que possam identificar teus segredos mais profundos
Faço deste exercício minha vida
Envolto em meu único e triste mistério


Acobertado e inseguro
Por um amor enclausurado no medo
Continuo buscando definir-te
Com o coração envolto em luz
Para vivenciar esta paixão.


Autoria: Roberto Velasco
Mistérios – 18/05/11
Esta poesia esta protegida pela lei dos direitos autorais.

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