terça-feira, 5 de julho de 2011

CÁRCERE






Cárcere


Sentidos amortecidos
Visão embaralhada
Pensamentos turvos
Quem és tu? Que me mantém a mercê de tuas vontades


Quem és tu? Que sacia tua volúpia em minha fraca carne
Quem és tu? Que me arrasta ao teu doce pecado
Sede minha algoz?
Demônio em corpo de anjo?


A justiça, no acerto de erros de outrora?
Se me ausento de tua presença
Tormentos e alucinações me possuem
O medo de tua perda me corrompe
Em que passado me fiz prisioneiro?


Transformei meu coração em meu cárcere privado
Por justa causa fui julgado e sentenciado
Por amar-te mais que a mim?
Por desejar-te mais que a vida?


Por venerar-te mais que o Deus?
Sem respostas, corrompido por este doentio amor
Sucumbi aos apelos da luxúria
Ao teu domínio carrasco


De abstêmio me fiz ébrio
De virtuoso me fiz imoral
De santo me fiz profano
Teus apelos me seduziram


Teu ardor vulcânico me extasiou
Tua língua afiada me açoitava
E a tudo para mim era belo e perfeito
Cego de amor construi minha própria prisão


Agora submisso e indefeso
Vago em busca de tuas migalhas de amor
Consumido pela paixão e ódio
Ouso adorar a morte


Autoria: Roberto Velasco

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